Terapia sequencial antimicrobiana em pacientes pediátricos hospitalizados por pneumonia não complicada adquirida na comunidade

Resumo

Objetivo: Avaliar o tempo de antibioticoterapia intravenosa (IV) e a prática de terapia sequencial para via oral no tratamento de crianças entre 2 meses a 5 anos com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) grave não complicada em um hospital público pediátrico. Métodos: Estudo retrospectivo, observacional e transversal no qual foram selecionados pacientes que iniciaram o tratamento com ampicilina IV. Os pacientes foram classificados como “elegíveis” ou “não elegíveis” para realizar terapia sequencial após 48 e 72 horas de internação de acordo com critérios clínicos. Os pacientes com tempo de internação <ou ≥7 dias foram comparados em relação às características demográficas e antibioticoterapia, considerando p<0,05 significativo. Resultados: Foram avaliados 86 pacientes, com idade de 14,4 (IQR: 10,8-22,7) meses. O tempo da terapia IV foi 4 (IQR: 3-6) dias; 56% dos pacientes foram classificados como elegíveis para a terapia sequencial em 48h e 74% elegíveis em 72h. Entretanto, apenas 19 casos (22%) foram submetidos à terapia sequencial no momento adequado. O principal motivo para a transição foi a perda acidental do acesso venoso (61%). O grupo com tempo de internação <7 dias apresentou maior taxa de realização da terapia sequencial e, consequentemente, menor tempo de terapia IV (p<0,01). Conclusão: A terapia sequencial nas primeiras 48 a 72 horas não é de uso rotineiro na pratica clinica nos pacientes internados com PAC. Os achados alertam para a necessidade de iniciativas institucionais sobre essa pratica, visando melhoria na qualidade assistencial com menor tempo de terapia IV e impacto no tempo de internação hospitalar.