Impacto do Cuidado Farmacêutico nos parâmetros clínicos e assistenciais de pessoas com Diabetes mellitus tipo 2 na atenção primária no SUS
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.163.1341Resumo
Objetivo: Avaliar o impacto do CF no controle de parâmetros clínicos e assistenciais em pacientes com DM2 atendidos na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Curitiba/PR. Métodos: Foi realizado estudo quase experimental do tipo antes-e-depois, abrangendo pacientes diagnosticados com DM2, com idade igual ou superior a 18 anos, que participaram de pelo menos quatro consultas farmacêuticas nas Unidades de Saúde de Curitiba entre abril de 2014 e novembro de 2018. Os dados foram extraídos do sistema informatizado E-Saúde e analisados estatisticamente utilizando o software SPSS. Foram avaliados desfechos assistenciais, como a frequência de consultas e internações, e parâmetros clínicos, incluindo hemoglobina glicada, glicemia de jejum e perfis lipídicos. Resultados: 93 pacientes foram incluídos no estudo, sendo a maioria idosos e do sexo feminino. O acompanhamento farmacoterapêutico teve duração média de 16 meses, e os pacientes participaram de aproximadamente oito consultas farmacêuticas. Durante o período de intervenção, observou-se um aumento significativo no número de consultas médicas e de enfermagem, bem como uma melhoria nos parâmetros clínicos, como redução de 40 mg/dL (p≤0,005) da glicemia em jejum no Período CF em comparação com o Período Pré-CF. Enquanto, a hemoglobina glicada apresentou redução de 0,7% (p=0,039) no Período CF versus Pré-CF, e redução de 1,56% (p=0,026) no Período Pós-CF versus CF. Nos períodos CF e Pós-CF não houve diferença significativa na media do colesterol total, porém observou-se redução dos valores entre os pacientes que inicialmente apresentavam níveis mais elevados. Conclusão: O CF constitui uma estratégia relevante no manejo do DM2 na AP do SUS. Além de contribuir para o controle glicêmico e do perfil lipídico, sua implementação evidenciou potencial para fortalecer a articulação da assistência, promovendo a coordenação integrada entre os diferentes profissionais de saúde. Esses achados ressaltam a importância da colaboração multiprofissional e da orientação contínua aos pacientes, aspectos fundamentais tanto para a prevenção de complicações do DM2 quanto para a adesão sustentada ao plano terapêutico.
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