Assumindo a responsabilidade pela farmacoterapia: o papel da filosofia de prática do Cuidado Farmacêutico no desenvolvimento de competências clínicas
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.163.1316Resumo
Objetivo: Descrever a perspectiva de farmacêuticos sobre como a filosofia de prática do Cuidado Farmacêutico influencia a prática clínica. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo, baseado na metodologia da Teoria Fundamentada nos Dados com abordagem construtivista. Foram conduzidas entrevistas em profundidade, entre os meses de abril e junho de 2024, com farmacêuticos atuantes na atenção secundária e terciária do Sistema Único de Saúde, selecionados por amostragem intencional. Os dados foram analisados com o NVivo até a saturação teórica. Resultados: Nove farmacêuticos, que atuavam na provisão de serviços clínicos nos seus cenários de prática, foram selecionados. Suas falas demonstraram a importância do entendimento pelo farmacêutico quanto ao seu papel no processo de cuidado, de forma a permitir maior discernimento quanto as suas atribuições e as competências necessárias para a prática. Essa consciência quanto a incorporação da filosofia de prática do Cuidado Farmacêutico demonstrou ainda facilitar a identificação de deficiências e necessidades de aprimoramento e o desenvolvimento de competências colaborativas. Assim, quatro elementos se destacaram e delinearam as reflexões, sendo: o entendimento quanto a responsabilidade assumida; a mudança de paradigma; a integração à equipe multidisciplinar e a importância de um padrão de prática. Conclusão: A filosofia da prática profissional direciona o farmacêutico quanto a sua reponsabilidade no processo de cuidado e, ao ser internalizada e assumida pelos farmacêuticos, mostra-se como um importante pilar no processo de desenvolvimento de competências para a prática clínica farmacêutica. Desenvolver uma força de trabalho que reconheça sua filosofia de prática e esteja preparada a assumir a responsabilidade pelo gerenciamento das necessidades farmacoterapêuticas dos pacientes, deve fazer parte, portanto, de ações vinculadas ao processo de desenvolvimento dos farmacêuticos voltados ao cuidado.
Downloads
Referências
World Health Organization. Medication Without Harm: Global Patient Safety Challenge on Medication Safety. Geneva: WHO;2017.
Institute of Medicine (US) Committee on Quality of Health Care in America, Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS, eds. To Err is Human: Building a Safer Health System. Washington (DC): National Academies Press (US); 2000. doi: 10.17226/9728
Panagioti M, Khan K, Keers RN, et al. Prevalence, severity, and nature of preventable patient harm across medical care settings: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2019;366:l4185. doi:10.1136/bmj.l4185
El Hajj MS, Asiri R, Husband A, et al. Medication errors in community pharmacies: a systematic review of the international literature. PLoS One. 2025;20(5):e0322392. doi:10.1371/journal.pone.0322392
Despott RA, Vella Bonanno P, Gauci C. Risk Management of Medication Errors: Improving the Quality of Pharmacotherapeutic Practice. Pharmacol Res Perspect. 2025;13(3):e70093. doi:10.1002/prp2.70093
Sinitox. Sistema Nacional de Informações Toxico-farmacológicas. Avaible in: https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-nacionais. Accessed on: 10 May 2025.
Ramalho-de-Oliveira D. Atenção Farmacêutica: da filosofia ao gerenciamento da terapia medicamentosa. São Paulo: RCN Editora Ltda;2011.
Cipolle RJ, Strand LM, Morley PC. Pharmaceutical care practice: the patient-centered approach to Medication Management Services. New York: McGraw-Hill;2012.
Hepler CD, Strand LM. Opportunities and responsibilities in pharmaceutical care. Am J Hosp Pharm. 1990;47(3):533-543.
Penaforte T, Castro S. A situação da atenção farmacêutica: revolução ou penumbra paradigmática? Saude Debate. 2021;45(131):1049-1059. doi: 10.1590/0103-1104202113108
Araújo PS. Política e Assistência Farmacêutica: a questão da atenção farmacêutica no SUS. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia;2016.
Mendonça SAM, Freitas EL, Ramalho de Oliveira D. Competencies for the provision of comprehensive medication management services in an experiential learning project. PLoS One. 2017;12(9):e0185415. doi:10.1371/journal.pone.0185415.
Mylrea MF, Sen Gupta T, Glass BD. Developing Professional Identity in Undergraduate Pharmacy Students: A Role for Self-Determination Theory. Pharmacy (Basel). 2017;5(2):16. doi:10.3390/pharmacy5020016
Sorensen TD, Hager KD, Schlichte A, et al. A Dentist, Pilot, and Pastry Chef Walk into a Bar…Why Teaching PPCP is not Enough. Am J Pharm Educ. 2020;84(4):7704. doi:10.5688/ajpe7704.
Kellar J, Lake J, Steenhof N, et al. Professional identity in pharmacy: Opportunity, crisis or just another day at work?. Can Pharm J (Ott). 2020;153(3):137-140. doi:10.1177/1715163520913902.
Duffull SB, Wright DFB, Marra CA, et al. A philosophical framework for pharmacy in the 21st century guided by ethical principles. Res Social Adm Pharm. 2018;14(3):309-316. doi:10.1016/j.sapharm.2017.04.049
Araújo-Neto FC, Dosea AS, Tavares TMA, et al. “Opportunities and responsibilities”: how do pharmacists assess their professionalism?. BMC Med Educ. 2024;24(1):831. doi:10.1186/s12909-024-05767-7
Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed;2009.
Martinez-Salgado C. El muestreo en investigación cualitativa: principios básicos y algunas controvérsias. Cien Saude Colet. 2012;17(3):613-9. doi:10.1590/s1413-81232012000300006.
de Oliveira DR, Shoemaker SJ. Achieving patient centeredness in pharmacy practice: openness and the pharmacist’s natural attitude. J Am Pharm Assoc (2003). 2006;46(1):56-66. doi:10.1331/154434506775268724.
Dawodu P, Rutter P. How Do Pharmacists Construct, Facilitate and Consolidate Their Professional Identity?. Pharmacy (Basel). 2016;4(3):23.doi:10.3390/pharmacy4030023
Araújo-Neto FC, Dosea AS, Fonseca FLD, et al. Perceptions of formal pharmacy leadership on the social role of the profession and its historical evolution: A qualitative study. Explor Res Clin Soc Pharm. 2024;13:100405. doi:10.1016/j.rcsop.2023.100405
Araujo-Neto FC, Dosea AS, Lyra-Jr DP. Performance, interpersonal relationships and professional satisfaction: determinants to support pharmaceutical reengineering. Explor Res Clin Soc Pharm. 2024;15:100497. doi: 10.1016/j.rcsop.2024.100497.
Mendonça SAM. Ensino-aprendizagem em serviço na educação para atenção farmacêutica. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais;2017.
Chagas MO, Porto CC, Chaveiro N, et al. Diretrizes curriculares nacionais do curso de Farmácia de 2017: perspectivas e desafios. São Luís: TICs EaD Foco;2019.
Toassi RFC. Interprofissionalidade e formação na saúde: onde estamos?. Porto Alegre: Editora Rede Unida;2017.
Interprofessional Education Collaborative. IPEC Core Competencies for Interprofessional Collaborative Practice: version 3. Avaiable in https://www.ipecollaborative.org/ipeccore-competencies Accessed on: 28 Febr 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Autores

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores transferem, atribuem ou transmitem à JHPHS: (1) o direito de conceder permissão para republicar ou reimprimir o material indicado, no todo ou em parte, sem taxa; (2) o direito de imprimir cópias republicadas para distribuição gratuita ou venda; e (3) o direito de republicar o material indicado em qualquer formato (eletrônico ou impresso). Além disso, o abaixo assinado afirma que o artigo descrito acima não foi publicado anteriormente, no todo ou em parte, não está sujeito a direitos autorais ou outros direitos, exceto pelo (s) autor (es), e não foi enviado para publicação em outros lugares, exceto como comunicado por escrito para JHPHS neste documento.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença de atribuição Creative Commons Attribution (CC-BY) que permite que outros compartilhem o trabalho com um reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Politica de Auto-arquivamento
Autores tem permissão e são encorajados a submeter o documento final em pdf dos artigos a páginas pessoais ou portais institucionais, após sua publicação neste periódico (sempre oferecendo a referência bibliográfica do item).