Políticas públicas para doenças raras no Brasil: Caminho Regulatório, Desafios na Pesquisa e Acesso a Medicamentos órfãos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.163.1300

Resumo

Introdução: Doenças raras, que afetam milhões globalmente, são condições crônicas e muitas vezes genéticas, manifestando-se frequentemente na infância. No Brasil, são consideradas raras quando atingem até 65 em cada 100 mil pessoas. Com cerca de 7.000 tipos e impactando 5-6% da população mundial, incluindo 13 milhões de brasileiros, exigem manejo multidisciplinar. A alta morbimortalidade e a falta de cura tornam o tratamento focado em melhorar a qualidade de vida. Objetivo: Descrever a construção e implementação das normativas éticas e sanitárias oficiais sobre doenças raras e ultrarraras, com o propósito de identificar suas barreiras e desafios no desenvolvimento de pesquisa e no acesso a medicamentos órfãos o cenário brasileiro. Métodos: Estudo exploratório que adotou uma abordagem qualitativa, com foco na análise documental e revisão narrativa da literatura. Foram visitados sítios oficiais e revisão de literatura, utilizando abordagens qualitativas e quantitativas para avaliar a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras (PNAIPDR), regulamentações éticas e sanitárias, e as vias de acesso a medicamentos órfãos no Brasil. Resultados: O estudo revela que a PNAIPDR teve sua implementação dificultada pela falta de profissionais, centros de referência e incentivos financeiros. Que as regulamentações sanitárias aceleraram a tramitação para medicamentos órfãos, o que impulsionou o quantitativo de pesquisas com doenças raras, que ainda se apresenta incipiente para o Brasil, refletindo no acesso efetivo e na incorporação de novas tecnologias no SUS. A ética em pesquisa apresentou um compromisso com a proteção dos participantes por meio das normativas do CNS e que culminou na homologação em agosto de 2024 da Lei nº 14.874/2024. Conclusão: o Brasil progrediu na regulamentação, mas a efetiva implementação das políticas enfrenta desafios estruturais e financeiros. Fortalecer a infraestrutura de pesquisa, agilizar a incorporação de medicamentos no SUS e explorar alternativas de financiamento são cruciais para garantir o acesso equitativo a tratamentos para doenças raras e ultrarraras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Ferreira CR. The burden of rare diseases. Am J Med Genet A. 2019;179(6):885-892. doi:10.1002/ajmg.a.61124

Lee S, Choi M. Ultra-rare Disease and Genomics-Driven Precision Medicine. Genomics Inform. 2016;14(2):42-45. doi:10.5808/GI.2016.14.2.42.

Xavier DB. Trabalho de Conclusão de Curso Da judicialização da saúde sob a luz dos direitos humanos e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul;2023.

Boy R, Schwartz IV, Krug BC, et al. Ethical issues related to the access to orphan drugs in Brazil: the case of mucopolysaccharidosis type I. J Med Ethics. 2011;37(4):233-239. doi:10.1136/jme.2010.037150.

Nerkar P, Patil AP, Ahire MV, et al. Drug product and drug substance (CADIFA) registration process in Brazil. Int J Drug Reg Affairs. 2023;11(3):11–21. doi:10.22270/ijdra.v11i3.607.

Floriano FR, Boeira L, Biella CA, et al. Strategies to approach the judicialization of health in Brazil: an evidence brief. Estratégias para abordar a Judicialização da Saúde no Brasil: uma síntese de evidências. Cien Saude Colet. 2023;28(1):181-196. doi:10.1590/1413-81232023281.09132022.

Bermudez JAZ, Costa JCS, Noronha JC. Desafios do acesso a medicamentos no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Livres; 2020.

Bavisetty S, Grody WW, Yazdani S. Emergence of pediatric rare diseases: Review of present policies and opportunities for improvement. Rare Dis. 2013;1:e23579. doi:10.4161/rdis.23579.

Souza AM, de Sá NM. Análise das Características e dos Preceitos Normativos da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras. Cad Ibero Am. Direito Sanit. 2015;Jun 30;4(2):47-6. doi:10.17566/ciads.v4i2.152.

Souza MV, Krug BC, Picon PD, et al. Medicamentos de alto custo para doenças raras no Brasil: o exemplo das doenças lisossômicas. Ciênc Saúde Colet. 2010;v(15):3443–54. doi: 10.1590/S1413-81232010000900019.

Hughes DA, Tunnage B, Yeo ST. Drugs for exceptionally rare diseases: do they deserve special status for funding?. QJM. 2005;98(11):829-836. doi:10.1093/qjmed/hci128.

de Oliveira Aquino F, da Silva RE, Garbi Novaes MRC. Rare diseases, trends and challenges for scientific advances: a snapshot of a decade of research in Brazil. Concilium. 2024;24(19):126-144.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2025-09-30

Como Citar

1.
AQUINO FO, SILVA RE, NOVAES MR. Políticas públicas para doenças raras no Brasil: Caminho Regulatório, Desafios na Pesquisa e Acesso a Medicamentos órfãos. J Hosp Pharm Health Serv [Internet]. 30º de setembro de 2025 [citado 14º de outubro de 2025];16(3):e1300. Disponível em: https://jhphs.org/sbrafh/article/view/1300

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS