Efetividade e segurança de Basiliximabe como terapia de indução no transplante hepático: Coorte Retrospectiva em um hospital terciário do sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.161.1249Resumo
Objetivo: avaliar a efetividade e segurança do uso de basiliximabe como terapia de indução em pacientes adultos submetidos a transplante hepático em um hospital terciário no sul do Brasil. Métodos: estudo de coorte retrospectivo realizado com pacientes adultos submetidos a transplante hepático em um hospital terciário do sul do Brasil entre janeiro a dezembro de 2023. Os pacientes foram divididos em dois grupos: regime padrão de imunossupressão (Grupo 1) e indução com basiliximabe (Grupo 2). Foram avaliadas variáveis sociodemográficas (sexo, idade, etnia), além da influência de possíveis determinantes, como: motivo do transplante, comorbidades pré e pós transplante, presença e tipo de evento adverso a medicamento (EAM), incidência de rejeição aguda, infecções, tempo de internação hospitalar, perda do enxerto e óbito. Resultados: em 2023 foram realizados 546 transplantes de órgãos sólidos, sendo 109 de fígado. Excluíram-se os pacientes pediátricos (32), retransplantes (4) e que realizaram transplante de múltiplos órgãos (3), totalizando 70 pacientes. Destes, 51 usaram regime padrão de imunossupressão (Grupo 1) e 19 usaram basiliximabe (Grupo 2). Em relação ao perfil sociodemográfico, a maioria dos pacientes era do sexo masculino (Grupo 1, 78,4%; Grupo 2, 68,4%), idade média de 58,5 e 54,8 anos, respectivamente. A disfunção renal pré transplante foi ligeiramente mais frequente no Grupo 2 (p=0,05). Quanto aos desfechos clínicos pós transplante, não houve diferenças significativas na sobrevida, taxa ou tipo de infecção, tempo de internação hospitalar, perda de enxerto e óbito entre os grupos. A taxa de rejeição aguda foi observada em 17,6% dos pacientes do Grupo 1, enquanto nenhum caso foi registrado no Grupo 2 (p=0,1). A ocorrência de EAM também não diferiu significativamente, sendo 17 casos no Grupo 1 e 5 casos no Grupo 2 (p=0,785). Conclusões: o uso de basiliximabe não apresentou diferenças significativas na sobrevida, taxa de rejeição aguda ou outros desfechos clínicos importantes, como infecções e mortalidade, comparado ao regime padrão de imunossupressão. Com base nos resultados e nos custos do basiliximabe sugere-se que estudos adicionais para avaliar com mais precisão a efetividade deste medicamento e identificar subgrupos de pacientes que possam se beneficiar dessa intervenção.
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