Fatores associados ao manejo adequado de opioides em pacientes pediátricos internados em um hospital universitário
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.163.1240Resumo
Objetivo: Descrever os fatores associados ao manejo adequado de opioides em pacientes pediátricos internados em uma enfermaria de um hospital universitário. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado com 75 pacientes. Os dados demográficos, clínicos e farmacoterapêuticos foram coletados a partir de sistema de prescrição e prontuários eletrônicos. O manejo adequado de opioids foi definido como prescrição de opioide em dose de horário, dose de resgate e de medicamentos para manejo das reações adversas aos opioides. As variáveis quantitativas foram descritas a partir de mediana e intervalo interquartil e as categóricas expressas na forma de frequência absoluta e relativa. A associação entre manejo adequado da dor e as variáveis independentes foi realizada por meio da análise univariada utilizando-se o teste de qui-quadrado de Pearson. Para análise univariada, a magnitude da associação foi expressa pelo odds ratio com intervalo de confiança de 95%. Resultados: Dos 75 pacientes incluídos no estudo, 42 (56%) eram do sexo feminino. As principais comorbidades encontradas foram do grupo Neoplasias (19; 25%). A mediana de número de comorbidades por pacientes e tempo de internação foi de 3 doenças/paciente e 17 dias de internação. Cerca de 50% (n=40) dos pacientes foram acompanhados pela Clínica de Cuidados Paliativos Pediátricos (CCPP) e, em apenas 9% (n=7), houve intervenção farmacêutica relacionada ao opioide. O medicamento tramadol foi o mais prevalente (42; 56%). A dose de resgate foi encontrada para 36% (n=27) dos pacientes e 49% (n=37) receberam polietilenoglicol e lactulose para manejo de constipação induzida por opioides. O manejo adequado de opioide foi identificado em 20% dos pacientes e essa variável obteve uma associação estatisticamente significativa para pacientes com tempo de internação ≥ 17 dias, para pacientes com três ou mais comorbidades, aqueles que tiveram alta hospitalar e aqueles pacientes acompanhados pela CCPP. Conclusão: A equipe multiprofissional é essencial para uma assistência adequada em pacientes pediátricos de alta complexidade, principalmente no que se refere ao uso adequado de opioides.
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