Perfil de utilização de medicamentos com atividade anticolinérgica em idosos na comunidade e fatores associados
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.163.1234Resumo
Objetivo: analisar a carga anticolinérgica (Cach) dos idosos vivendo na comunidade e determinar os fatores associados. Métodos: O delineamento é um estudo transversal. Os idosos foram entrevistados em ambulatórios de dois hospitais de ensino de Belo Horizonte e no domicílio. Amostragem por conveniência. A variável dependente é a CAch, identificada pela Escala Brasileira de Atividade Anticolinérgica e as variáveis independentes foram divididas em sociodemográficas, clínico-funcionais e farmacoterapêuticas. Os fatores associados com a CAch foram analisados por regressão logística múltipla, com nível de significância p<0,05. O estudo foi aprovado por comitê de ética em pesquisa. Resultados: Dentre os 344 participantes, as doenças autorrelatadas mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (69,8%); outras doenças cardiovasculares (41,4%) e doenças reumáticas (35,5%). A mediana do número de doenças foi 3,0 intervalo interquartil – IQR (2,0-4,0). A maioria dos entrevistados apresentou multimorbidade; definida como presença de duas ou mais comorbidades. Dentre os 344 idosos 178 (51,7%) faziam uso de medicamentos com atividade anticolinérgica e 49 (14,2%) apresentaram CAch ≥3. A CAch apresentou mediana de 2,0 (IQR 1,0-3,0). Na análise univariada os fatores que apresentaram associação positiva com a CAch, considerando nível de significância de 5%, foram: sexo feminino, percepção de saúde autorreferida, multimorbidade, polifarmácia, doenças reumáticas, doenças neuropsiquiátricas e neoplasia. No modelo final permaneceram as variáveis com valor de p<0,05: sexo feminino, polifarmácia, doenças neuropsiquiátricas e neoplasia. Conclusão: Os idosos incluídos no estudo apresentaram frequência elevada na utilização de medicamentos com atividade anticolinérgica, mas a percentagem de idosos com CAch ≥ 3,0 na farmacoterapia foi 14,2%. A CAch foi positiva e independentemente associada com sexo feminino, polifarmácia, doenças neuropsiquiátricas e neoplasia.
Downloads
Referências
Borges MM, Custódio LA, Cavalcante DFB, et al. Direct healthcare cost of hospital admissions for chronic noncommunicable diseases sensitive to primary care in the elderly. Cien Saude Colet. 2023;28(1):231-242. doi:10.1590/1413-81232023281.08392022
Lavrador M, Castel-Branco MM, Cabral AC, et al. Association between anticholinergic burden and anticholinergic adverse outcomes in the elderly: Pharmacological basis of their predictive value for adverse outcomes. Pharmacol Res. 2021;163:105306. doi:10.1016/j.phrs.2020.105306
Jun K, Hwang S, Ah YM, et al. Development of an Anticholinergic Burden Scale specific for Korean older adults. Geriatr Gerontol Int. 2019;19(7):628-634. doi:10.1111/ggi.13680.
Al Rihani SB, Deodhar M, Darakjian LI, et al. Quantifying Anticholinergic Burden and Sedative Load in Older Adults with Polypharmacy: A Systematic Review of Risk Scales and Models. Drugs Aging. 2021;38(11):977-994. doi:10.1007/s40266-021-00895-x
Lisibach A, Gallucci G, Beeler PE, et al. High anticholinergic burden at admission associated with in-hospital mortality in older patients: A comparison of 19 different anticholinergic burden scales. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2022;130(2):288-300. doi:10.1111/bcpt.13692
Nery RT, Reis AMM. Development of a Brazilian anticholinergic activity drug scale. Einstein (Sao Paulo). 2019;17(2):eAO4435. doi:10.31744/einstein_journal/2019AO4435
Boustani M, Campbell N, Munger S, et al. Impact of anticholinergics on the aging brain: a review and practical application. Aging Health. 2008;4(3):311-320. doi:10.2217/1745509X.4.3.311
Smith SM, Soubhi H, Fortin M, et al. Managing patients with multimorbidity: systematic review of interventions in primary care and community settings. BMJ. 2012;345:e5205. doi:10.1136/bmj.e5205
Teng EL, Hasegawa K, Homma A, et al. The Cognitive Abilities Screening Instrument (CASI): a practical test for cross-cultural epidemiological studies of dementia. Int Psychogeriatr. 1994;6(1):45-62. doi:10.1017/s1041610294001602
Damasceno A, Delicio AM, Mazo DF, et al. Validation of the Brazilian version of mini-test CASI-S. Arq Neuropsiquiatr. 2005;63(2B):416-421. doi:10.1590/s0004-282x2005000300010.
Neiva Pantuzza LL, Nascimento ED, Crepalde-Ribeiro K, et al. Medication literacy: A conceptual model. Res Social Adm Pharm. 2022;18(4):2675-2682. doi:10.1016/j.sapharm.2021.06.003
Viktil KK, Blix HS, Moger TA, et al. Polypharmacy as commonly defined is an indicator of limited value in the assessment of drug-related problems. Br J Clin Pharmacol. 2007;63(2):187-195. doi:10.1111/j.1365-2125.2006.02744.x
Cebron Lipovec N, Jazbar J, Kos M. Anticholinergic Burden in Children, Adults and Older Adults in Slovenia: A Nationwide Database Study. Sci Rep. 2020;10(1):9337. doi:10.1038/s41598-020-65989-9
Pinto ECP, Silva AMR, Cabrera MAS, et al. O uso de fármacos anticolinérgicos e fatores associados em adultos de meiaidade e idosos. Cien Saude Colet. 2022;27(6):2279-2290. doi:10.1590/1413-81232022276.12452021
Lu WH, Wen YW, Chen LK, et al. Effect of polypharmacy, potentially inappropriate medications and anticholinergic burden on clinical outcomes: a retrospective cohort study. CMAJ. 2015;187(4):E130-E137. doi:10.1503/cmaj.141219
Francisco PM, Bastos TF, Costa KS, et al. The use of medication and associated factors among adults living in Campinas, São Paulo, Brazil: differences between men and women. Cien Saude Colet. 2014;19(12):4909-4921. doi:10.1590/1413-812320141912.18702013
Sampaio SGSM, Motta LB, Caldas CP. Medicamentos e Controle de dor: Experiência de um Centro de Referência em Cuidados Paliativos no Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia. 2019;65(2):e365. doi:10.32635/2176-9745.RBC.2019v65n2.365
Robinson M, Rowett D, Leverton A, et al. Changes in utilization of anticholinergic drugs after initiation of cholinesterase inhibitors. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2009;18(8):659-664. doi:10.1002/pds.1739
Chahine B, Al Souheil F, Yaghi G. Anticholinergic burden in older adults with psychiatric illnesses: A cross-sectional study. Arch Psychiatr Nurs. 2023;44:26-34. doi:10.1016/j.apnu.2023.03.006
Dos Santos ANM, Farias-Itao DS, Benseñor IM, et al. Potentially inappropriate medications and cognitive performance: crosssectional results from the ELSA-Brasil study. Eur J Clin Pharmacol. 2023;79(7):927-934. doi:10.1007/s00228-023-03504-5
Lampela P, Lavikainen P, Garcia-Horsman JA, et al. Anticholinergic drug use, serum anticholinergic activity, and adverse drug events among older people: a population-based study. Drugs Aging. 2013;30(5):321-330. doi:10.1007/s40266-013-0063-2
Pasina L, Lucca U, Tettamanti M. Relation between anticholinergic burden and cognitive impairment: Results from the Monzino 80-plus population-based study. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2020;29(12):1696-1702. doi:10.1002/pds.5159
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Autores

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores transferem, atribuem ou transmitem à JHPHS: (1) o direito de conceder permissão para republicar ou reimprimir o material indicado, no todo ou em parte, sem taxa; (2) o direito de imprimir cópias republicadas para distribuição gratuita ou venda; e (3) o direito de republicar o material indicado em qualquer formato (eletrônico ou impresso). Além disso, o abaixo assinado afirma que o artigo descrito acima não foi publicado anteriormente, no todo ou em parte, não está sujeito a direitos autorais ou outros direitos, exceto pelo (s) autor (es), e não foi enviado para publicação em outros lugares, exceto como comunicado por escrito para JHPHS neste documento.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença de atribuição Creative Commons Attribution (CC-BY) que permite que outros compartilhem o trabalho com um reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Politica de Auto-arquivamento
Autores tem permissão e são encorajados a submeter o documento final em pdf dos artigos a páginas pessoais ou portais institucionais, após sua publicação neste periódico (sempre oferecendo a referência bibliográfica do item).