Avaliação da prescrição de omeprazol para profilaxia de úlcera de estresse em um hospital público referência em trauma: estudo transversal monocêntrico
DOI:
https://doi.org/10.30968/jhphs.2025.162.1206Resumo
Objetivo: Avaliar a conformidade da indicação e prescrição de omeprazol para profilaxia de úlcera de estresse, nas unidades de terapia intensiva e demais setores de internação, em um hospital público de urgência e emergência referência em trauma, de acordo com evidências científicas e critérios utilizados no presente estudo. Métodos: O estudo é do tipo transversal retrospectivo. A pesquisa foi realizada no período de um dia, na data de 15/03/2023. Foram analisados dados clínicos, história prévia pregressa, condições de saúde, prescrições eletrônicas e coletados dados de todos os pacientes internados, com idade igual ou superior a 18 anos. Foram excluídos os pacientes sem Autorização de Internação Hospitalar e os em uso de omeprazol para fins de tratamento. Para a avaliação de indicação da profilaxia, utilizou-se as recomendações da base de dados UpToDate, caso os fatores de risco para úlcera de estresse, descritos nessa base, estivessem elencados também na diretriz da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos ou no BMJ Best Practice, conforme a diretriz de prática “Gastrointestinal bleeding prophylaxis for critically ill patients: a clinical practice guideline”. Os dados foram analisados no software R, versão 4.1.1, e os resultados foram apresentados em tabelas. Resultados: Foram mapeados 307 pacientes, dos quais 254 foram considerados elegíveis para a avaliação da indicação da profilaxia. No geral, 61,4% dos pacientes apresentaram uso adequado. Entretanto, para 72,8% dos pacientes com prescrição de omeprazol, não havia indicação para sua utilização, e, entre os pacientes com indicação, para 17,1% a profilaxia foi omitida. O setor de pacientes não críticos apresentou percentual de 88.9% dos pacientes com prescrição da profilaxia, porém sem indicação, enquanto as unidades de terapia intensiva apresentaram 31,4%. Conclusão: O estudo revelou uma considerável inadequação no uso da profilaxia de úlcera de estresse em setores não críticos e, embora menor, também uma inadequação relevante nas unidades de terapia intensiva. Desta forma, ressalta-se a importância de estabelecer intervenções institucionais, como protocol clínico, para orientar a prática de prescrição.
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